terça-feira, 3 de julho de 2012

Para olhar pra trás: ou "por que insistimos em querer entender as coisas?"

E insisto mesmo. De verdade. Se as coisas não me apresentam uma justificativa, irei especulá-las e montar teorias aos punhados.

Posso até dar com os burros n'água, mas algumas vou acertar em cheio. Outras só vou entender com a ajuda de outra pessoa que, de fora, consegue ver o retrato inteiro. E aí posso até me sentir meio idiota. Mas passa.

Consigo encontrar as mais diferentes justificativas pras coisas que já me aconteceram na vida. E também pras que não aconteceram. Inclusive as que não aconteceram ainda. E também as que não vão acontecer nunca.

Algumas justificativas se apresentaram com o tempo. Como se fosse uma troca visível de estação. Outras deixaram de ter justificativa sob essa mesma condição. Mudei, mudou, mudaram. Nem sei.

E assim se leva. Porque de fato não são as justificativas que nos fazem crescer ou sair do lugar. Saber e entender são ações estáticas, mas a inércia da pergunta, essa sim, põe movimento nas coisas. 

Movimente.




terça-feira, 26 de junho de 2012

Para mudar: mexendo no ambiente

Por total sacanagem de percurso. Foi assim que me vi morando sozinha. Não existiam planos e muito menos vontade que isso acontecesse. Sempre quis morar debaixo da barra da saia da minha mãe enquanto fosse possível (tô, nem aí, podem me julgar kkkk). O plano - por mais remoto que fosse - era sair de casa apenas para casar.

Pois bem, planejar realmente não é meu ponto forte, e como diria Joseph Climber, a vida é uma caixinha de surpresas. Resultado, depois que minha mãe faleceu continuei morando no mesmo lugar. A mesma casa, com os mesmos móveis, com a mesma decoração. O plano - ah, o plano - era vender o apartamento e eu ir para um canto meu. Os móveis e coisas de casa até continuariam os mesmos, mas a arrumação das coisas, os pequenos detalhes, provavelmente denunciariam quem seria a moradora.  Mas, como vocês já sacaram esse negócio de planejamento não tem rolado com muita eficácia na minha vida, né?

Continuo no apartamento intocado. Com os móveis religiosamente no mesmo lugar, os objetos de decoração na posição exata em que sempre estiveram, do jeito que a dona da casa escolheu. E eu meio que me sinto hóspede do meu próprio lar. É estranho, né? Esquisito principalmente porque antes disso tudo acontecer, eu sempre me senti tão à vontade ali, tão em casa. Era como se de repente até eu tivesse me deslocado. 

Assim, a casa foi tomando contornos de dormitório. No começo as coisas não pareciam tão estranhas como agora e a situação começou a me irritar um pouco.

Sábado resolvi dar um primeiro passo. Peguei uns gatos (da minha coleção de miniaturas - aceito colaborações), uns livros, umas firulinhas e arrumei do meu jeito na estante da TV. Parece besta se você olhar a situação colocada desse jeito, mas sabe Deus porque significou tanto pra mim e meio que me desentalou um pouco daquela sensação de não estar no meu lugar.

A sensação de ainda não estar em casa, no entanto, persiste. Vamos ver até quando.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Para confessar: o que eu não fazia na infância (e todo mundo fazia)

Eu sou criança de apartamento. Nunca tive rotina de ir pra rua, jogar bola com a gurizada, subir em árvore, ralar joelho, cotovelo, cara, dignidade. Nada disso.

essa não sou eu
Das coisas que devo confessar é que não brincava de elástico porque tinha medo de me enroscar e cair. Nem de pular corda porque até hoje pareço uma garça manca quando resolvo me aventurar.

Não sei dar cambalhota. Nunca subi em uma árvore, nem comi fruta do pé. Não tive um cachorro como melhor amigo e meu gato não era a criatura mais amável do mundo.

Não gostei da história da Polyanna e vivia em algum canto lendo alguma coisa, de bula de remédio a enciclopédia.

Mas nenhuma das coisas que eu não tenha feito causa mais espanto do que uma em especial. Nada deixa as pessoas mais perplexas na minha frente do que isso. Nem se eu disser que nunca andei a cavalo e que eu nunca vi um carrinho de rolimã ao vivo. Nada.

Eu era uma criança que não assistia Chaves. Pronto, falei! Sintam-se livres para julgamentos. Eu não entendia as piadas que as pessoas faziam usando citações do seriado e confesso que só fui assistir a um episódio depois de velha, na faculdade. Também não consigo acompanhar a revolta dos meus amigos quando Chaves parou de ser exibido no SBT, simplesmente porque o tal guri do barril não faz parte dos meus registros emotivos.

Enfim. Mesmo assim, espero que vocês não tenham preconceito, continuem me aceitando como amiga. Eu tive uma infância boa sim, das melhores. Só fui criada em apartamento.

Ok?


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Para pensar: a síndrome da rapidinha


"Desculpa a pressa, não deu pra conversar aquela hora", "Então, mas não sei se vai dar tempo", "Vi você de longe, mas tava tão corrida..."

Só hoje em menos de 3 horas eu consegui falar essas 3 frases pra 3 pessoas diferentes. E aí? E aí que pesou. Ontem conversando com um amigo, passei a por na balança isso de arrumar mil compromissos pra fazer. Sei que não tem nada de especial em ter uma rotina ocupada. Conheço muita gente que tem e inclusive você que está lendo é bem possível que viva no limite da agenda pra tudo como eu.

O negócio é que eu acostumei com isso. Se me falassem que agora os dias têm 6 horas a mais pra você fazer o que quiser, você sabe o que eu ia fazer? Arrumar mais um emprego, ou pegar mais aulas pra dar ou ia fazer um curso de qualquer coisa pra preencher meu tempo. Ficar à toa é definitivamente uma expressão que foge do meu vocabulário. E sempre fui assim. Quem me conhece, sabe.

Só que agora eu tô aqui com as minhas caraminholas. Será que vale a pena tanta correria? Tanta obrigação pra cumprir? É tanta coisa, tanta gente que eu deixo de lado e o pior, eu tenho me deixado de lado também. Sabe Deus quando foi a última vez que consegui ir no salão sem ficar apressando a manicure que tinha que ir logo porque tinha um compromisso ou quando consegui definitivamente sentar e ler um livro sem acabar dormindo quando passava pra segunda página.

É oficial: eu sofro de síndrome da rapidinha. Confesso. #prontofalei

E agora, o que que eu faço?

Bom, por enquanto vou ficando com Robertão e dedico essa canção ao meu salário.


quarta-feira, 25 de abril de 2012

Para ler: livros que conheci na infância

Sempre fui daquelas gurias esquisitinhas que trocavam brincadeira por livro. Única criança em uma família cheia de adultos, o incentivo à leitura sempre rolou porque via meus irmãos lendo, ganhava muitos livros que minha irmã professora recebia das editoras e desde pequena arriscava uns rascunhos, umas cartinhas, meia dúzia de versinhos bregas. 


Era uma leitora exemplar. Nunca estava "sem ler um livro no momento"como ando fazendo há muito tempo. Sem contar que há algo de mágico na imaginação de uma criança que lê. O País das Maravilhas parece muito mais colorido e perigoso, a Emília seria doada para caridade porque falava demais e me irritava e em quantos castelos já consegui entrar mesmo que nunca tenha estado em um? 


Segue abaixo uma lista (eu e as listas) dos livros que mais marcaram a minha infância. Será que temos algum em comum?


1. Marcelo, Marmelo, Martelo e outras histórias - Ruth Rocha


Clássico da gurizada dos anos 80/90. Marcelo era um mala. Inventava novas palavras, perguntava sobre tudo, era teimoso como uma porta e, o pior, não contente em só o Marcelo ser chato eu comecei a adotar os neologismos dele no dia a dia. Só pra irritar as pessoas. 


Uma vez, Marcelo cismou com o nome das coisas:
- Mamãe, por que é que eu me chamo Marcelo?
- Ora, Marcelo foi o nome que eu e seu pai escolhemos.
- E por que é que não escolheram martelo?
- Ah, meu filho, martelo não é nome de gente! É nome de ferramenta...
- Por que é que não escolheram marmelo?
- Porque marmelo é nome de fruta, menino!
- E a fruta não podia chamar Marcelo, e eu chamar marmelo?





2. O Menino do Dedo Verde - Maurice Druon


Minha madrinha também me ajudava muito nessa minha história de gostar de ler. Todos os domingos à tarde, quando íamos visitá-la eu passava horas e mais horas futricando a estante de livros dela. Uma coleção enorme de Malba Tahan toda vermelhinha e lá no cantinho, um livrinho verde surrado. Um dos clássicos da literatura infantil mundial. Contava a história de Tristan, um menino rico cujos pais eram donos de uma "fábrica de canhões". Com o jardineiro, Bigode ele descobre que tem um dom: o dedo verde! Assim, em tudo que toca faz florir e nascer plantinhas. Já com o senhor Trovões, ele aprende sobre a violência e tristeza. Muito poético e cheio de alegorias sobre o capitalismo (não, eu não fazia ideia na época)


3. Raul da Ferrugem Azul - Ana Maria Machado


Um dos meus preferidos porque eu ficava morrendo de medo de começar a ver ferrugem azul em mim também. Raul era piradinho, coitado. Começou de repente a ver manchas azuis em sua pele. Coisa, aliás, que ninguém mais via... O que eu mais curtia era que o livro era cheio de ilustrações que não vinham coloridas, então dava pra gente pintar como quisesse. A ideia é ótima, além de a criança ler o livro, ela tem uma experiência sinestésica com ele, porque interage, transforma, colore das cores que sua imaginação vê cada uma das situções do enredo. Genial!


4. O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry


Toda pessoa desse mundo devia ler esse livro. Sim. "Ah, é clichê... Ah, é livro de miss..." Ah, faça-me o favor. É um livro de uma poesia única que trata os relacionamentos humanos mínimos de um jeito especial. E é um livro com um alcance tão amplo que desde criança até quando você for adulto vai tirar uma lição cada vez que quiser lê-lo. Nunca leu? Vai lá, lê e depois a gente conversa. Sim, você vai ver que eu estava certa.


"Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra, o teu me chamará para fora da toca, como se fosse música”.


5. Meu Pé de Laranja Lima - José Mauro de Vasconcellos


Esse também foi culpa da minha madrinha. Li a primeira vez quando tinha uns 8 anos e, juro, nunca mais na minha vida nenhum outro livro me emocionou e mexeu tanto comigo quanto esse. A difícil infância de Zezé, a amizade com Minguinho (o tal pé de laranja lima), a irmã protetora, a parceria com Portuga... enfim, tudo no livro é muito intenso e apesar de ser classificado como literatura infanto-juvenil, é uma história que traz lições muito densas e situações tensas, mas escritas por José Mauro com uma leveza que poucos escritores conseguem. Em duas palavras, pura emoção.










Queridos amigos que lêem meu blog e têm filhotes, sobrinhos, afilhados ou outras crianças queridas na sua vida, deixa de Hot Wheels, de Barbie, de boneco do Ben 10. Se você quer mesmo dar um presente que vai durar muito tempo, anos, décadas, dê um livro, conte uma boa história. Afinal, na vida a única coisa que podemos carregar sem peso nenhum e compartilhar por aí são as memórias.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Para cantar: músicas para arrasar no videokê

"É isso mesmo? Eu li certo o nome do post, colega?" Pode parar de perguntar, é isso sim. Eu não sei vocês, mas uma boa breguice sempre tem lugar reservado no meu coração e depois que eu e meus amigos descobrimos que a maneira mais barata, divertida e infame de se espantar os males é cantando na frente de um bando de bêbado desconhecidos, sinto que minha alma anda mais leve. Eu podia estar bebendo, usando drogas e assistindo Rede TV! 24 horas mas eu prefiro passar umas 4 horinhas dentro do videokê revendo meus conceitos de vergonha alheia.


Segue abaixo a lista das músicas que você vai ouvir em TODO videokê que você visitar. Aproveita e anota, porque é sucesso garantido.


1. Boate Azul - sertanejos (não sei dizer quem fez a versão original porque muitos a gravaram. Música bonita tem que ser compartilhada né?)


Sente a letra:  "Sair de que jeito, se nem sei o rumo para onde vou / Muito vagamente me lembro que estou em uma boate / Aqui na zona sul / Eu bebi demais e não consigo me lembrar se quer / Qual é o nome daquela mulher a flor da noite na boate Azul"
Eta, nóis! Puro romantismo e nostalgia! Qual homem perdido na noite nunca se encontrou em algum lugar barra-pesada da cidade e não tinha a menor ideia de onde estava? História muito real. Você geralmente vai ver tiozinhos cantando essa canção belíssima que remete às tantas experiências que já passaram em suas vidas. Se era Kaiser vencida, pinga de má qualidade ou Alzheimer eu não sei, mas até hoje se perguntam qual era o nome daquela misteriosa flor da boate Azul.





2. Whisky a Go Go - Roupa Nova

Clássico dos finais de noite, no videokê ela também sinaliza que o nível do local está caindo e talvez seja hora de ir embora. É uma canção controversa porque apesar de ter um ritmo dançante provoca a sensação inversa nas pessoas, que são tomadas por uma vontade incontrolável de ir embora pra casa. Como para toda regra há uma exceção, não raro você encontrará tiozinhos e grandes senhoras com conjuntinhos de viscose arrasando em frente ao palco em uma coreografia de dar inveja só para lembrar você que um sonho a mais não faz mal.


3. Evidências - Chitãozinho e Xororó

Videokê TEM QUE TER música de dor de corno e, na minha opinião, nenhuma outra canção traz tanto sentimento de amor bandido quanto essa. Cante comigo:

E nessa loucura de dizer que não te quero
Vou negando as aparências,
disfarçando as evidências
Mas para que viver fingindo
Se eu não posso enganar meu coração
Eu sei que te amo,
chega de mentiras
De negar meu desejo
Eu te quero mais do que tudo,
eu preciso do teus beijos

Quê que é isso??? Quanto amor reprimido, gente! É a preferida de quem já passou por relações fervorosas e de quem é muito mais paixão do que razão. Mas mesmo que você não seja nada disso, é uma canção que libera os demônios. Eta, God!





4. I Will Always Love You - Whitney Houston

Sempre tem uma sem noção metida a Whitney, que jura por Deus que dá conta do endi aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai iaaaaaaaaaaaaaaaai uiu aueis lovei iuuuuuuuuuu. E que vai cantar essa música sim, porque mesmo não sabendo Inglês é só seguir as palavrinhas no telão e pronto, tá lindo, tá anglo-saxônico, tá Houston! Azar de quem estiver presente. Guardem os copos de massa de tomate e cristal Cica, porque a louca vai berrar. Cadê meu guarda-costas?



5. O que é, o que é? - Gonzaguinha

Ah, porque é bonito subir no palco do videokê e gritar ao mundo a dor e a delícia de ser quem você realmente é. E já que é pra viver e não ter a vergonha de ser feliz, jogue a vergonha para debaixo dos tapetes, deixe-a do lado de fora do salão e vai lá, ser feliz e deprimir os outros. Vergonha alheia - você vê aqui.


segunda-feira, 9 de abril de 2012

Para testar a paciência: não adianta nem me perguntar porque eu não sei!!!!



Acredito que estamos vivendo a era das convenções sociais...apesar de estarmos em pleno século XXI, no qual a tecnologia está cada vez mais avançada... as convenções sociais parecem permanecer as mesmas, inalteráveis.

Não sei vcs, mas não aguentooo mais aquelas perguntinhas casuais (principalmente de parentes mais velhos), que parecem nos pressionar sobre algo que ainda nem sabemos. E a cada idade as indagações permanecem as mesmas:

- Com 17 anos: “Que profissão vc vai seguir? Já escolheu que faculdade vai fazer?
Aí vem a Resposta que eu queria dar: “Não seiiii.. só tenho 17 anos!! Quero curtir a vida... Tenho que decidir agora a profissão que vou seguir pro resto da vida??”

- Com 25 anos (se vc estiver namorando): “Quando vc vai casar?”
Resposta: “Sei láááa!!! Sou muito nova... quero me dedicar a minha carreira profissional!! Posso?”

- Com 25 anos (se vc estiver solteira): “Quando vc vai arrumar um namorado?”
Resposta: “Eu que vou saber? Quando eu achar um cara que valha a pena...”

- Com 30 anos (se vc ainda estiver só namorado ou já casada): “Quando vc vai ter filho?”
Resposta: PORRAAAA!! (**Desculpem o palavrão**) Já disse que não sei... Não tenho cabeça pra ter filho agora!!! To no auge da minha carreira profissional...

Mas na verdade essas convenções já vêm desde muito cedo... desde bebezinhos somos cobrados pra fazer tudo num prazo pré-determinado... andar até o primeiro ano de vida, falar com dois anos de idade. Tenho vontade de dizer aos quatro ventos: “Me deixeeem!!! Eu farei essas coisas quando achar que é a hora certa!! Vão cuidar das suas vidas”.

Meu tio começou a falar somente com 5 anos.. todos pensavam que ele seria mudo... e hoje ele fala normalmente... sem problema algum!! É até professor... ele só teve o tempo dele, será que é tão difícil respeitar isso??

Hoje vivemos na modernidade pelo amor de Deus!! Eu não tenho que estar casada com 25 anos e grávida aos 27!!! Posso muito bem terminar o ensino médio e decidir viajar o mundo ou o País... pra me conhecer e aí sim saber o que quero fazer da vida!! Isso não é a morte... isso não quer saber que sou uma louca desajuizada!! Posso até ter um futuro brilhante justamente por fazer essa escolha aparentemente fora dos padrões sociais!!

Então digo em alto e bom som: Foraaaa convenções sociais!! Chega... me deixem!! Me deixem viver e conduzir minha vida do jeito que eu quero!! E daí se eu só casar com 35 e tiver filho com 40?? Temos vários exemplos de mulheres bem sucedidas que engravidaram aos 40 e estão mega realizadas!! 

Abaixo a pressão social!! 
Vamos ser quem queremos ser... e no tempo que queremos ser!! 
E tenho dito...